sexta-feira, 8 de maio de 2015

I Fórum Geral Anarquista no Rio de Janeiro

Acontecerá o I Fórum Geral Anarquista no Brasil na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 04 e 07 de junho de 2015.
 
A Iniciativa foi apresentada pela Liga Anarquista no Rio de Janeiro em evento anterior e contou com apoio do Instituto de Estudos Libertários (grupo dedicado ao fomento e divulgação do anarquismo nas suas diversas correntes) e Núcleo Pró-Federação Libertária de Educação (organização de libertárixs centrada nas experiências pedagógicas e práticas sociais) que atuam no Rio de Janeiro também, e foi aprovada por consenso entre os grupos presentes, além de apoiada pela Internacional de Federações Anarquistas – IFA, Federação Libertária Argentina -FLA, Federação Anarquista Francófona – FA, Federação Anarquista Alemã- FdA, Federação Anarquista do México, Federação Anarquista Local de Valdivia (Chile) – FALV, Grupo de Estudos Gomes Rojas (Chile) e todas as pessoas presentes na roda.

Ouvimos bastante sobre a organização federalista anarquista das federações e coletivos citados acima, o que nos motivou a iniciar conversas na direção do reconhecimento do movimento anarquista no país e de estudar possibilidades para sua construção.

Diante da conjuntura entre 2013 e 2015, destacamos os seguintes pontos: os levantes populares, ocupações, greves, assembleias populares horizontais, anticopa, manifestações pelo passe livre e tarifa zero em parte considerável do Brasil, eleições gerais 2014, crescimento da inflação, redução de direitos dos trabalhadores, demissões nas indústrias e serviços (atacando diretamente os terceirizados que são a parcela mais precarizada dos trabalhadores) aumento de taxas de energia e água, aumento nas tarifas de ônibus, manifestações de direita e esquerda, movimentações, projetos e discursos fascistas nas ruas, nas câmaras, congresso nacional, práticas fascistas pelo judiciário e executivo, visibilização de grupos paramilitares religiosos como de igrejas pentecostais, atuação militar oficial em chacinas nas periferias e favelas do país adentro. A LIGA convida @s companhei@s para expor suas analises, refletir sobre esta conjuntura, conversar sobre saídas propositivas para as trabalhadoras/trabalhadores e precarizadas/precarizados.

Este Fórum se propõe promover e reiniciar as conversações sobre Federalismo Anarquista no Brasil. Diante disso, a participação e apresentação do anarquismo nas cinco regiões do país darão uma imagem mais diversificada e menos imprecisa de como o anarquismo se encontra atualmente, de como podemos caminhar para atuar pontualmente ou coletivamente.
Acreditamos que a organização federalista anarquista pode contribuir potencializando os trabalhos de todos coletivos e indivíduos sejam na direção de quaisquer ações: assembleias populares horizontais, movimentos populares, movimentos sociais, movimentos sindicais, divulgação e propaganda das ideias e práticas ácratas, cooperativas autogestionárias de serviços e ou produtos, realização de artes, etc.

Consideramos outras formas de organizações anarquistas e suas atuações, respeitamos suas trajetórias e seguiremos na construção da nossa maneira de ver e viver o mundo anarquicamente, estabelecendo o diálogo quando desejável, possível e necessário. Todas as formas de organização anarquista serão bem vindas ao Fórum Geral Anarquista.

Todas aquelas e aqueles que se encontrem de acordo com estas proposições, sentimentos e objetivos são convidad@s. Cada indivíduo e coletivo virá por sua conta própria e nós ofereceremos apenas o alojamento para aqueles que realmente necessitem, ofereceremos uma lista de locais para nos alimentarmos o mais barato possível e com uma qualidade satisfatória.

Atenciosa e fraternalmente, Liga Anarquista no Rio de Janeiro.
 Rio de Janeiro – RJ, 03 de Maio de 2015.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

[NAC] (((A))) Primeiro de Maio, vamos à luta!



A Internacional

De pé, ó vitimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da ideia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo, oh produtores!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Senhores, patrões, chefes supremos,
Nada esperamos de nenhum!
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair desse antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Crime de rico a lei cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Abomináveis na grandeza,
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha!
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu.
Querendo que ela o restitua,
O povo só quer o que é seu!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Nós fomos de fumo embriagados,
Paz entre nós, guerra aos senhores!
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos, trabalhadores!
Se a raça vil, cheia de galas,
Nos quer à força canibais,
Logo verá que as nossas balas
São para os nossos generais!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a Terra aos produtivos;
Ó parasitas deixai o mundo
Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar,
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
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A Internacional foi composta em 18 de Junho de 1888 por Pierre Degeyter, operário anarquista de origem belga fixado com a sua família na cidade francesa de Lille. Naquele dia fora oferecido a Degeyter um livro de poemas de Eugéne Pottier, operário francês também anarquista, membro da Comuna de Paris durante a qual foi eleito maire do 2.º Bairro de Paris. Após o sangrento esmagamento da Comuna, em cuja defesa participou, Pottier partiu para o exílio durante o qual escreveria diversos poemas, entre os quais o que viria a constituir a letra de A Internacional. É fundamentalmente a partir de 1896, após a realização do congresso do Partido Operário Francês realizado nesse ano em Lille e durante o qual foi tocado e cantado, que o hino se espalha por toda a França e pela Europa através dos delegados estrangeiros presentes.

quinta-feira, 5 de março de 2015

8 de março: Se não é feminista não é minha revolução



Um ano a mais, um dia a mais, uma data a mais, uma a mais das milhares de efemérides que inundam o calendário. E, no entanto, este não é um dia qualquer. É o dia em que nós as mulheres deixamos de ocupar o papel de vítimas da violência de gênero para passar a ser as heroínas da jornada, sempre com a máxima “ainda fica muito por fazer”.

Quase com toda segurança uma das mulheres que este dia encha de violeta suas redes sociais, tenha mais de oito horas de jornada laboral, tenha terminado as tarefas de sua casa sem desatender aos filhos e talvez com sorte tenha tido tempo para dedicar uns minutos a seu cuidado pessoal, mais por obrigação que por devoção. Preocupada com uma imagem que já não lembra a quem importa mais, se a ela ou a um sistema que se empenha em estigmatizar-nos se não nos enfeitamos.

Ou talvez essa mulher ainda não tenha voltado do trabalho, tenha colocado um laço violeta na jaqueta de executiva e voltou a refazer o informe que deverá apresentar sem falta na primeira hora do dia seguinte, tentando não sentir-se frustrada e incompleta em uma sociedade que lhe obrigou a escolher entre realização pessoal e profissional. Uma mulher que faz muito tempo que entendeu que a chamada “conciliação” é um termo só aplicável ao universo feminino.

Pode ser que essa mulher esteja terminando de buscar seus filhos no colégio enquanto recorda os anos em que podia trabalhar, quando ainda não havia renunciado a tudo por sua maternidade. Se sente culpada cada vez que pensa em libertar-se de vez em quando de seus filhos e se submerge em um universo de ansiedade e depressão porque não entende a origem de seu mal estar, porque ser mãe não é a panaceia que lhe haviam ‘vendido’; definitivamente, porque já não se lembra de quem é na realidade.

E permanecemos alheias ao fato de que seguimos cobrando menos por desempenhar o mesmo trabalho que os homens, que seguimos sem ter acesso aos chamados postos de responsabilidade, na maioria dos casos ocupadas por uma autoimposição de tarefas domésticas, que seguimos sendo as que em alta porcentagem não se reintegram a seu posto laboral após a maternidade, sem opção de creches públicas, praticamente suprimidas. Seguimos sendo as culpadas de violações e vexames, condenadas a não sair às ruas sem escolta masculina, com o risco de provocar. Inundamos faculdades e escolas superiores, desoladas pelo incremento de desemprego feminino, muito superior ao masculino.

As mulheres, principais vítimas da crise de um sistema em decadência, fazemos nossa a palavra SORORIDAD [solidariedade feminina], e reivindicamos a luta contra o patriarcado e o capital, empenhadas em fazer ver que uma revolução que não conte conosco em suas fileiras está destinada ao fracasso. Por nós, por nossa dignidade como mulheres, como trabalhadoras, contra o patriarcado, faça vosso o grito:

VIVA O 8 DE MARÇO!

Confederação Nacional do Trabalho – CNT