sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Simone Veil, Mulher, Política e Feminista



“Tudo é mais difícil para elas, o que não pode ser aceite. Ainda existe demasiado para fazer para a igualdade em relação ao emprego, ao salário, a ascensão”.

(Simone Veil, Le journal du Dimanche, 28 Outubro 2007)Aos 80 anos a política francesa decidiu escrever uma biografia: “Uma vida”. Simone Veil não teve o que se define como uma vida fácil, em Março de 1944 foi presa à Nice onde residia para ser levada com a sua família ao campo de concentração de Auschwitz. Em Janeiro de 1945 é libertada com a sua irmãs, únicas sobreviventes da sua familia.
 
Simone, lutadora, conseguiu ao longo dos anos se tornar numa das figuras políticas mais queridas de França. Não gosta de teorias para ela foi a vida que a tornou feminista. Acredita na paridade, mesmo se isso deve passar pela via de quotas. Para ela existe de facto diferenças entre o homem e a mulher, desta forma eles se complementam, mas essas diferenças não podem conduzir à superioridade do sexo masculino.
 
Na questão da contracepção livre autorizada em 1967, Simone Veil teve um papel fundamental pois foi ela que impulsionou o reembolso pela Segurança Social. No entanto foi com seu projecto, enquanto ministra da saúde, sobre a Liberalização do Aborto em 1974 que ganhou mais reconhecimento. O projecto votado em Assembleia foi um dos que suscitou mais reacções negativas.
 
No seu livro, “Os homens também se recordam”, Simone Veil explica o seu projecto de lei e como foi debatido na Assembleia. “Os vários discursos e os debates que sucederam em França revelaram-na ao país como uma mulher corajosa e determinada que lutou pela dignidade das mulheres como também pelo interesse da Nação, perante políticos hostis mesmo do seu próprio partido”.
 
Sylvie Oliveira
SylvieO6@hotmail.co

sábado, 4 de janeiro de 2014

O Segundo Sexo - 1949




O Segundo Sexo , de Simone de Beauvoir, é sem dúvida alguma uma das principais obras de referência nos estudos sobre mulher e relações de gênero. Publicado originalmente na França, em 1949, quando a Europa ainda se recuperava das feridas abertas pela Segunda Guerra Mundial, o livro é um amplo tratado sobre a “questão da mulher” na perspectiva existencialista. Apresentado em dois volumes, faz a crítica, no primeiro, ao determinismo biológico, às abordagens psicologizantes e ao materialismo histórico, argumentando que mulher é uma construção social, historicamente determinada, construída no pensamento ocidental como “o outro”. Iniciado com a famosa frase, “não se nasce mulher, torna-se mulher”, o segundo volume analisa como se dá esse “tornar-se” na França do pós-guerra, e como se manifesta a subordinação da mulher nesse contexto.

Note-se, porém, que em O Segundo Sexo Simone de Beauvoir não poupa críticas sequer às feministas da época. Mas não hesitou em declarar-se “feminista” na década de 70, até “feminista radical”, como referiu em entrevista ao LeMonde:

“eu sempre disse que era feminista na medida em que feminismo, para mim, significa que eu reclamo uma identidade de situação entre o homem e a mulher, e de igualdade radical entre o homem e a mulher”.

Engajando-se avidamente no Movimento de Libertação da Mulher da França, assinou, inclusive, o manifesto em favor do aborto que causou grande controvérsia nos meios acadêmicos franceses.
Já em O Segundo Sexo, Simone aborda questões bastante polêmicas ainda hoje, a exemplo da desconstrução do “mito da maternidade” como destino feminino. Nessa perspectiva, Simone de Beauvoir contrapõe-se à antropóloga americana Margaret Mead, cuja obra, Macho e Fêmea, da mesma época, faz o “elogio da maternidade”, com base numa perspectiva liberal, culturalista.

Não foi, então, por acaso que O Segundo Sexo teve maior impacto, sendo traduzido para mais de 30 idiomas e publicado em vários países, constituindo-se, ainda hoje, em alvo de críticas e fonte de reflexão e inspiração feministas por todo o mundo.
De fato, apesar de ser escrito para a geração de mulheres que vivenciou a Segunda Grande Guerra, O Segundo Sexo fala também às gerações posteriores, mantendo-se bastante atual em grande parte de suas considerações e análises. Isso não implica em dizer que, nessas últimas cinco décadas, o pensamento feminista não tenha avançado significativamente. Ao contrário, desde a retomada do Movimento nos anos 60 e, mais particularmente, a partir de meados dos anos 80, novas formas feministas de pensar e analisar as relações de gênero e a condição feminina têm tido lugar.

Em O Segundo Sexo, não poderia ser diferente, Simone foi abundante e múltipla: nas formas de expressão escrita – filosofia, literatura de ficção (romances, contos), ensaios, manifestos políticos, memórias; nas temáticas – em que o ser mulher e ter uma idade permeia trajetórias ou tangencia essa produção toda; e até, enquanto esteve viva, nos seus exemplos pessoais, no reflexo das representações do seu “eu” vanguardista no nosso quotidiano.
Os trabalhos, aqui, diretamente sobre O Segundo Sexo e/ou outras produções de Simone de Beauvoir, que constituem a Parte I deste livro, ecoam essa multiplicidade exatamente na diversidade de enfoques: vão do paradigma filosófico subjacente às suas práticas de vida e de expressão teórico-ética ao confronto com as teorias e a crítica feministas (na conferência de Heleieth Saffioti e no texto de Raimunda Bedasee), às comparações possíveis e diretas com outras escritoras, sua contemporânea Margaret Mead e nossa contemporânea Camille Paglia, passa pelo debate específico sobre a dupla questão radical do aborto e da violência doméstica até interpelar, ainda, a mestra sobre questões de gênero e idade e despedir-se  com carinho.
Valendo registrarem-se, ainda, as diferenças de expressão e “temperatura” afetiva e geracional nas referências das diferentes autoras: algumas a “Simone”, outras a “De Beauvoir”...

Leia em PDF "O Segundo Sexo"

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

DEBATE SOBRE ‘OS RUMOS DO MOVIMENTO FEMINISTA’




REALIZADO NO DA 23/12/2013 EM CURITIBA, NO BAIRRO SÃO FRANCISCO, NO CENTRO DE CULTURA ANARQUISTA SQUATT OCUPAÇÃO 13 DE JANEIRO.
 
A iniciativa do debate partiu d@s integrantes do MPL-Curitiba e Guarapuava com a intensão de contribuir para debate sobre o movimento anarquista mundial, latino americano, brasileiro e nos níveis estadual e local. Nessa ocasião se formalizou a carta de apresentação e intenções da FRENTE DE AÇÃO ANARCA FEMINISTA – FAAF.
Na ocasião participaram as seguintes coletividades: Sociedad Peatonal, Mpl-Núcleo-Biblioteca, Mpl-Curitiba, Mpl-Guarapuava, Núcleo Anarquista de Curitiba, Dutorandos da UFPR setor Filosofia, Centro de Mídia Independente de Curitiba (CMI-Ctba).