quinta-feira, 5 de março de 2015

8 de março: Se não é feminista não é minha revolução



Um ano a mais, um dia a mais, uma data a mais, uma a mais das milhares de efemérides que inundam o calendário. E, no entanto, este não é um dia qualquer. É o dia em que nós as mulheres deixamos de ocupar o papel de vítimas da violência de gênero para passar a ser as heroínas da jornada, sempre com a máxima “ainda fica muito por fazer”.

Quase com toda segurança uma das mulheres que este dia encha de violeta suas redes sociais, tenha mais de oito horas de jornada laboral, tenha terminado as tarefas de sua casa sem desatender aos filhos e talvez com sorte tenha tido tempo para dedicar uns minutos a seu cuidado pessoal, mais por obrigação que por devoção. Preocupada com uma imagem que já não lembra a quem importa mais, se a ela ou a um sistema que se empenha em estigmatizar-nos se não nos enfeitamos.

Ou talvez essa mulher ainda não tenha voltado do trabalho, tenha colocado um laço violeta na jaqueta de executiva e voltou a refazer o informe que deverá apresentar sem falta na primeira hora do dia seguinte, tentando não sentir-se frustrada e incompleta em uma sociedade que lhe obrigou a escolher entre realização pessoal e profissional. Uma mulher que faz muito tempo que entendeu que a chamada “conciliação” é um termo só aplicável ao universo feminino.

Pode ser que essa mulher esteja terminando de buscar seus filhos no colégio enquanto recorda os anos em que podia trabalhar, quando ainda não havia renunciado a tudo por sua maternidade. Se sente culpada cada vez que pensa em libertar-se de vez em quando de seus filhos e se submerge em um universo de ansiedade e depressão porque não entende a origem de seu mal estar, porque ser mãe não é a panaceia que lhe haviam ‘vendido’; definitivamente, porque já não se lembra de quem é na realidade.

E permanecemos alheias ao fato de que seguimos cobrando menos por desempenhar o mesmo trabalho que os homens, que seguimos sem ter acesso aos chamados postos de responsabilidade, na maioria dos casos ocupadas por uma autoimposição de tarefas domésticas, que seguimos sendo as que em alta porcentagem não se reintegram a seu posto laboral após a maternidade, sem opção de creches públicas, praticamente suprimidas. Seguimos sendo as culpadas de violações e vexames, condenadas a não sair às ruas sem escolta masculina, com o risco de provocar. Inundamos faculdades e escolas superiores, desoladas pelo incremento de desemprego feminino, muito superior ao masculino.

As mulheres, principais vítimas da crise de um sistema em decadência, fazemos nossa a palavra SORORIDAD [solidariedade feminina], e reivindicamos a luta contra o patriarcado e o capital, empenhadas em fazer ver que uma revolução que não conte conosco em suas fileiras está destinada ao fracasso. Por nós, por nossa dignidade como mulheres, como trabalhadoras, contra o patriarcado, faça vosso o grito:

VIVA O 8 DE MARÇO!

Confederação Nacional do Trabalho – CNT